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Alguém me perguntou como me sinto e como tenho gerido as aulas à distância. A gestão do ponto de vista meramente logístico tem sido fácil, mas a gestão das emoções não tão fácil. Independentemente do facto de saber que os tempos evoluem e que a tecnologia permite o acesso a um mundo novo, o que procurei e procuro, através do ensino, não se compadece com este mundo novo.
Numa sala, em ambiente virtual, não se partilham afetos, não se desconstroem ansiedades e não se reflete com a mesma profundidade. Talvez esta minha tristeza também se prenda com o facto de lecionar matérias que exigem discussão, destruição e reconstrução, muitas vezes em episódios de desmotivação para com a área afinal, sociologia para quê e porquê?
Se do caos, nasce a ordem, desta nova forma de “ensinar” nascem, igualmente, uma série de questões acerca das quais uma série de saberes poderão tentar responder. Escrevo ensinar entre aspas porque ensinar não é a mera passagem de conhecimento científico, é também a gestão equilibrada das ações, das reações e o entendimento de que, naquele espaço e naquele tempo se cruzam histórias, de ambos os lados.
Tenho imensas saudades dos meus alunos, de alguns dos meus colegas, do pessoal administrativo (também colegas), da partilha in loco e de tantas outras pequenas grandes coisas que caracterizam a cultura de uma instituição.
Deixo a janela meio aberta, ou meio fechada, dependendo da perspetiva.
Até breve, espero…
Sofia Moreira
Professora nas Áreas de Enfermagem e Cardiopneumologia
Psicossociologia da Saúde e Sociologia da Saúde
Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa - Lisboa